CRISE FINANCEIRA, GUERRA COMERCIAL, PANDEMIA: VETORES DE UM REFLUXO DA GLOBALIZAÇÃO NA AURORA DO SÉCULO XXI?

Dr. Hoyêdo Nunes Lins
Universidade Federal de Santa Catarina

Resumen

O aprofundamento da internacionalização econômica desde os anos 1970 ensejou a criação do termo «»globalização»», traduzida em cadeias globais de valor (CGV) presentes em vários setores, com expressiva divisão espacial do trabalho. Grandes empresas, em geral multinacionais, comandam as correspondentes relações, suas estratégias moldando tanto essas cadeias como, em muitos aspectos, a própria economia mundial. Embora tenha marcado a paisagem econômica, o modelo CGV foi atingido no século XXI pelo que a literatura nomeia disruptive events: basicamente, a crise ligada ao estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos em 2007, a guerra comercial travada entre esse país e a China desde o governo Trump (2017-2021) e a pandemia da Covid-19, que aterrorizou o planeta a partir de 2019. Este trabalho aborda os principais reflexos desses disruptive events nas CGV. Observa-se diversidade nas respostas aos percalços, conforme os setores e as circunstâncias, e destaque da regionalização econômica entre as estratégias corporativas, aspecto que levou a falar do MERCOSUL, sinalizador de possibilidades regionais para a reconfiguração de cadeias ou redes produtivas e comerciais. Porém, nesse bloco, a integração produtiva é pobre e são grandes as assimetrias internas, sem que, aparentemente, a atuação do Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM) tenha de fato lubrificado interações intrabloco mais significativas.

Palabras claves: globalização; cadeias globais; disruptive events; regionalização; Mercosul