MOBILIDADE DO TRABALHO E RACIALIDADE NA DIÁSPORA HAITIANA

Thauany Vernacci Brewer Pereira Freire
Universidade de São Paulo
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Resumen

O objetivo deste trabalho é compreender as forças que produziram a diáspora haitiana ao longo da história por meio da análise do processo que, mobilizando expedientes de violência e racialização, formou as categorias da reprodução capitalista (propriedade privada da terra, trabalho e capital) em território haitiano. Procuro assim apresentar o modo como os diferentes momentos históricos que motivaram mobilidade migratória haitiana refletem fases particulares da dinâmica histórica da formação das relações capitalistas no país. O método usado será uma revisão de bibliografias que versam sobre a história do Haiti e a diáspora haitiana. Nestes termos, ressalto a importância de interpretar os fatores que vem reproduzindo a diáspora haitiana para além das análises mais canonizadas que enxergam o cenário político e econômico do Haiti como resultado de conluios históricos entre classes dominantes (nacionais e estrangeiras) contra a maioria da população haitiana. A existência de grupos com poder, os esquemas de dominação e o modo como a emigração se tornou parte do universo social haitiano (ver Joseph, 2017) são aqui lidos como integrantes de um processo com imperativos abstratos, objetivadores e automediadores que tem como finalidade converter corpos em força de trabalho para o movimento de valorização do capital (Marx, 1984); Postone, 2014). Concluímos, por fim, que esse processo abstrato se realizou concretamente criando a racialidade, e mais especificamente, a antinegritude, cujos efeitos se desdobram nos modos como as pessoas haitianas experimentaram e seguem experimentando suas trajetórias migratórias e as relações sociais capitalistas.

Palabras claves: diáspora haitiana – história – relações sociais capitalistas – racialidade