UM PRATO SEMIVAZIO: COMIDA, CULTURA E NECROPOLÍTICA NA CONSTITUIÇÃO DA RESISTÊNCIA

Dr. Tiago Anderson Brutti
Universidade de Cruz Alta

Drª. Elizabeth Fontoura Dorneles
Universidade de Cruz Alta

Resumen

O artigo apresenta resultado parcial das atividades de pesquisa desenvolvidas no macroprojeto «»Práticas discursivas, movimentos do sujeito e a produção de efeitos de sentido constitutivos da cultura e da realidade social»». O texto enlaça direitos humanos, simbolizados nos direitos à alimentação e a cultura. Desse modo traz a cultura e a política, a partir das dimensões arte e práticas sociais, apontando para a constituição da resistência frente às práticas adotadas pela necropolítica, enquanto extermínio dos diferentes. Tem como foco cenas do filme brasileiro, Bacurau. Nelas se consuma a tentativa de extinção do outro pelo estrangeiro, não só biológica, mas também subjetiva. Na cena em que uma mesa de alimentos com comidas típicas é virada e os alimentos ficam espalhados pelo chão, configuram-se o desprezo ao direito à segurança alimentar e a cultura. Em outras cenas, a morte do sujeito é metaforizada na privação de água, na destruição do horto de plantas medicinais ou no extermínio físico mesmo. A essas tentativas do outro os moradores de Bacurau respondem com práticas socioculturais de resistência. Há uma porosidade em cada prática necropolítica por onde a resistência transita. Tal porosidade é da ordem da própria constituição dos acontecimentos que desaguam numa obra de arte audiovisual. A base teórico-analítica de abordagem tem ancoragem na Análise de Discurso de Linha Francesa, na Filosofia Política e na Estética. Os autores fundamentais são Jacques Rancière, Michel Pêcheux, Eni Orlandi, Achille Mbembe e Giorgio Agamben.

Palabras claves: cinema, cultura, necropolítica, resistência.